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Análise de solo: o que é, como fazer e interpretar

Análise de solo com dispositivo digital.

Conteúdo:

A análise de solo é um processo que visa avaliar as características físicas, químicas e biológicas do solo, a fim de determinar sua fertilidade, produtividade e necessidades de manejo. A análise de solo é essencial para o planejamento agrícola, pois permite conhecer as potencialidades e limitações do solo para o cultivo de diferentes culturas, bem como definir as doses adequadas de corretivos e fertilizantes.

Neste artigo, vamos explicar o que é a análise de solo, como fazer e interpretar os resultados, e quais são os benefícios dessa prática para a agricultura. Acompanhe!

O que é a análise de solo?

A análise de solo é um conjunto de métodos laboratoriais que medem as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Essas propriedades são indicadores da qualidade do solo e influenciam diretamente na sua capacidade de sustentar o desenvolvimento das plantas.

As propriedades físicas do solo incluem a textura, a estrutura, a porosidade, a densidade, a capacidade de retenção de água e a resistência à penetração. Essas propriedades afetam o movimento da água e do ar no solo, a disponibilidade de oxigênio para as raízes, a facilidade de preparo do solo e o risco de erosão.

As propriedades químicas do solo incluem o pH, a acidez trocável, a alcalinidade, a capacidade de troca catiônica (CTC), os teores de nutrientes (macro e micronutrientes), a matéria orgânica, o carbono orgânico total (COT) e o nitrogênio total (NT). Essas propriedades afetam a disponibilidade dos nutrientes para as plantas, a atividade microbiana, a solubilidade dos metais pesados e a toxicidade dos elementos.

As propriedades biológicas do solo incluem os organismos vivos que habitam o solo, como bactérias, fungos, protozoários, nematoides, insetos, minhocas, etc. Esses organismos participam dos ciclos biogeoquímicos dos nutrientes, da decomposição da matéria orgânica, da formação da estrutura do solo, da supressão de doenças e pragas e da fixação biológica do nitrogênio.

Como fazer a análise de solo?

A análise de solo envolve a coleta de amostras representativas da área a ser avaliada e o seu envio para um laboratório credenciado.

A coleta deve considerar a homogeneidade do solo quanto ao tipo, uso, declividade e vegetação. Áreas heterogêneas devem ser amostradas separadamente. O momento ideal é pelo menos três meses antes do plantio, evitando períodos logo após aplicação de corretivos ou fertilizantes. As ferramentas para coleta, como trado e pá de corte, devem estar limpas.

As amostras precisam ser coletadas aleatoriamente, em pontos distribuídos por toda a área, respeitando um número mínimo que depende do tamanho da área. A profundidade padrão é de 0 a 20 cm. As subamostras são misturadas para compor uma amostra representativa da área, da qual se retira uma porção de 500 g identificada adequadamente.

O laboratório, com experiência e qualidade analítica, realizará as determinações solicitadas pelo produtor de acordo com suas necessidades. As análises mais comuns são pH, nutrientes, matéria orgânica, acidez, CTC, entre outras. Os resultados servirão para planejar a adubação e correção do solo.

Como interpretar os resultados da análise de solo?

A interpretação dos resultados da análise de solo consiste em comparar os valores obtidos com os valores de referência para cada propriedade, de acordo com a cultura a ser implantada ou em cultivo e com o sistema de produção adotado. Os valores de referência podem variar conforme o método analítico utilizado, o tipo de solo, a região e a fonte consultada. Por isso, é importante que o produtor busque orientação técnica especializada para interpretar os resultados e definir as recomendações de manejo.

De forma geral, a interpretação dos resultados pode seguir os seguintes passos:

Verificar o pH do solo

O pH é uma medida da acidez ou alcalinidade do solo, que varia de 0 (muito ácido) a 14 (muito alcalino), sendo 7 o valor neutro. O pH afeta a disponibilidade dos nutrientes para as plantas, sendo que alguns nutrientes são mais disponíveis em solos ácidos (como ferro, manganês, zinco e cobre) e outros em solos alcalinos (como cálcio, magnésio e molibdênio). A maioria das culturas se desenvolve melhor em solos com pH entre 5,5 e 6,5. Se o pH estiver abaixo ou acima desse intervalo, pode-se recomendar a aplicação de corretivos para aumentar ou diminuir o pH, respectivamente.

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Verificar a acidez trocável do solo

A acidez trocável é uma medida da quantidade de íons hidrogênio (H+) e alumínio (Al3+) que estão ligados aos coloides do solo (argila e matéria orgânica) e que podem ser trocados por outros íons na solução do solo. Esses íons são responsáveis pela acidez potencial do solo, que pode ser neutralizada pela aplicação de corretivos. A acidez trocável é expressa em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. Quanto maior a acidez trocável, maior a necessidade de calagem (aplicação de calcário) para corrigir o pH do solo.

Verificar a alcalinidade do solo

A alcalinidade é uma medida da quantidade de íons carbonato (CO3 2-) e bicarbonato (HCO3 -) que estão presentes na solução do solo e que podem reagir com os íons hidrogênio (H+) para aumentar o pH do solo. A alcalinidade é expressa em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. Quanto maior a alcalinidade, maior a tendência do solo ser alcalino e menor a necessidade de calagem. Em solos muito alcalinos (pH acima de 8), pode-se recomendar a aplicação de enxofre ou gesso para diminuir o pH.

Verificar a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo

A CTC é uma medida da capacidade do solo de reter e liberar cátions (íons com carga positiva), como cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+), sódio (Na+), hidrogênio (H+) e alumínio (Al3+). A CTC é influenciada pela quantidade e tipo de argila e matéria orgânica do solo, sendo maior em solos argilosos e ricos em matéria orgânica. A CTC é expressa em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. Quanto maior a CTC, maior a capacidade do solo de fornecer nutrientes para as plantas e de resistir a mudanças no pH.

Verificar os teores de nutrientes do solo

Os nutrientes são elementos químicos essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, como nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), boro (B), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo) e zinco (Zn). Os teores de nutrientes são expressos em mg/dm3 ou ppm. Se os teores estiverem abaixo dos níveis adequados para a cultura, pode-se recomendar a aplicação de fertilizantes para suprir as deficiências.

Verificar a matéria orgânica do solo

A matéria orgânica é o conjunto de substâncias originadas da decomposição de restos de plantas e animais, que contribuem para a fertilidade do solo, a retenção de água, a formação da estrutura do solo, a atividade microbiana e a ciclagem dos nutrientes. A matéria orgânica é expressa em g/dm3 ou %. Se o teor de matéria orgânica estiver abaixo do ideal para o tipo de solo, pode-se recomendar a incorporação de resíduos orgânicos, como esterco, composto ou cobertura verde.

Verificar o carbono orgânico total (COT) e o nitrogênio total (NT) do solo

O COT e o NT são indicadores da quantidade de matéria orgânica e da disponibilidade de nitrogênio no solo, respectivamente. O COT é expresso em g/dm3 ou %, enquanto o NT é expresso em mg/dm3 ou ppm. A relação C/N (COT/NT) é um indicador da qualidade da matéria orgânica e da velocidade de decomposição dos resíduos orgânicos.

Quais são os benefícios da análise de solo?

A análise de solo traz vários benefícios para a agricultura, entre os quais se destacam:

  • • Permite conhecer as potencialidades e limitações do solo para o cultivo de diferentes culturas.
  • • Permite definir as doses adequadas de corretivos e fertilizantes, evitando o uso excessivo ou insuficiente desses insumos.
  • • Contribui para a sustentabilidade da produção agrícola, pois favorece o uso racional dos recursos naturais e a preservação da qualidade do solo.
  • • Contribui para a rentabilidade da produção agrícola, pois permite otimizar os custos com insumos e maximizar a produtividade das culturas.
  • • Contribui para a segurança alimentar, pois permite produzir alimentos saudáveis e nutritivos, livres de contaminação por metais pesados ou resíduos tóxicos.

Conclusão

A análise de solo é uma ferramenta indispensável para o manejo sustentável e rentável dos solos agrícolas. Ela permite conhecer as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, definir as necessidades de manejo, otimizar o uso dos insumos agrícolas e garantir a produção de alimentos saudáveis e nutritivos. Portanto, todo produtor agrícola deve realizar análises periódicas do solo e buscar orientação técnica especializada para interpretar os resultados e definir as recomendações de manejo. Lembre-se: o solo é nosso maior patrimônio na agricultura! Cuide bem dele!

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